Som da Vez

Nando Reis - Sei

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Canções


O rádio me desperta, uma manhã preguiçosa. Meio acordado, meio sonhando a música que toca me lembra você, luto contra esta lembrança, não vou te ver hoje e talvez nem a veja mais.
E a primeira música que entra em mim, não sai da minha cabeça. Tomo um banho, como se a água fosse levar todo o sentimento, mais saio do banheiro assobiando a canção.
Você ainda está comigo, levo você para o trabalho, a sua ausência me deixa com raiva, e isso só me faz pensar mais, em tudo que poderia acontecer.
As horas passam devagar, eu adianto o relógio, mas não adianta.
A maratona se completa e saio na rua, como alguém que ficou enclausurado durante anos.
Paro e vejo pessoas na sua marcha natural, como em um passe de mágica sinto o seu perfume, o coração para por um segundo, me viro procurando por você, olho e te vejo. Mas a imagem está só na minha cabeça, o seu rosto se transforma em outra mulher.
Os desejos, as emoções, as palavras estraram em uma rua de mão única, onde tudo simplesmente vai e não volta, é proibido.
E como um balão de ar fiquei vazio, porque todo o ar saiu e nada entrou no lugar.
Volto para o refúgio, tomo outro banho sem a ilusão que ele me deixará limpo.
Deito como o corpo cansado, pedindo repouso e dou o merecido sono para ele.
Hoje, ele carregou o peso de duas vidas, deixando o outro corpo leve e sem machucados ou cicatrizes.
O silêncio do quarto me conforta, fecho os olhos e a canção da manhã volta: "Quero colo, vou fugir de casa, posso dormir aqui com vocês?"