Som da Vez

Nando Reis - Sei

domingo, 29 de novembro de 2009

Contradição

Encontro novamente aquele sorriso
Meu anjo sem asas me observa
Tento não me apaixonar de novo
Falam que isso é uma contradição

Vou buscar respostas, caminhos
E acabo revelando a verdade
Não sou contra a "contra adição"
Eu quero adicionar, somar, incluir

Mas não números, valores
E sim sentimentos, emoções
Emoções que não escondo
Vou de peito aberto, indefeso

O anjo se aproxima mais
Um sussurro no ouvido
Deixa o meu corpo, leva a alma
Tomando posse de tudo

Desejo o seu seu beijo
Quero o toque da sua pele
Todo o meu amor, todo
Pertence a você, meu anjo

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Aperto


Os dias passam, mas não no mesmo ritmo
uma sensação única, as vezes mais rápido
em outros momentos mais lento

Eu sei, difícil entender, explicar, dar detalhes
Alguma coisa mudou, olhei para o Sol
E ele continua lá, se revesando com a Lua
Na labuta do dia a dia

O que não mudei, só uma coisa
Que se mantém, perfeita, única
Só você tem o poder
De fazer o meu coração ficar apertado
Dentro do peito

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sorria? Mas estou sendo filmado!


Saio de casa, o porteiro eletrônico esta me olhando.
Pelas ruas sou seguido por câmeras de trânsito, radares,
Mas quem eu desejo não me segue.

Bombardeio de sms, emails e afins.
O twitter não para de piar,
Mas nem sinal de fumaça de onde desejo.

Telefone toca como nunca o fez,
Querem saber de tudo, faturas, boletos.
Mas alguém pergunta como estou?

Por que quando estou triste,
Os sorrisos dos outros me incomodam?
Não vou me sentir mal por isso.

Refaço o caminho da manhã,
Continuo sendo seguido.
Vários olhares escondidos,
Desculpe, mas não vou sorrir!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Chuva


Hoje foi bom acordar,
ouvir o som da chuva batendo na minha janela.

Ela cai e lava os telhados, as ruas e avenidas.
Sinto-me com a alma lavada também.
Sensação de dever cumprido, de ter feito as coisas certas.
Não se pode perder as oportunidades,
ter aquela sensação do "bonde ter passado".
E deixa você olhando a paisagem,
sem chance de recuperar nada.

Uma nova semana, um novo começo.
Grande idéia esses recomeços.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Mario Quintana

Hoje fazem 103 anos que Mario Quintana nasceu e não pude deixar de fazer uma pequena homenagem a esse grande poeta.

Do Amoroso Esquecimento

Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Mario Quintana para a revista Isto É, em 14/11/1984.

Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Há ! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai ! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas : ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a eternidade.
Nasci do rigor do inverno, temperatura : 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro – o mesmo tendo acontecido a Sir Isaac Newton ! Excusez du peu..
Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, instrospectivo. Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros ?
Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de fármacia durante 5 anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Veríssimo – que bem sabem ( ou souberam) , o que é a luta amorosa com as palavras.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Descalço


Onde está a emoção?
Desafiar ou ser desafiado...
Porque o conforto
nem sempre
é para todos
.
Vou sair, ousar
pisar descalço
no asfalto quente
com medo, é claro
e queimar os pés
talvez

E as bolhas
deixam marcas,
cicatrizes, dores
mas não maiores,
que as existentes

Caminharei sozinho,
mas nem sempre
porque os caminhos
são os mesmos
Como andarei,
que será diferente

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Resumo


Bocas foram beijadas

Corações foram a mil

Palavras são trocadas
A felicidade então partiu

domingo, 21 de junho de 2009

Calor


Eu ouço uma voz, que me chama.
Freqüências acompanhadas de uma chama.
Aquece o corpo e faz a alma vibrar,
Procuro a fonte, a origem, vem pelo ar.

Não encontro, mas a busca não cessa.
Preciso de mais, mais calor, o toque.
Este nunca antes experimentado,
Agora que foi conhecido, inesquecível.

Noites sem dormir não são suficientes,
Tentar controlar o desespero, impossível.
Quais sacrifícios serão necessários,
Para o calor voltar para o meu peito?

Louco


Olha a minha volta e vejo pessoas
Falo e elas prestam atenção
Mas cada palavra, causa espanto

"Ele é louco!", alguns dizem
Não sou louco, apenas eu, diferente

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Deseo [ o homenaje a las calles de Buenos Aires ]

Yo no quiero mucho.
No necessito de todas las paixones,
solamente deseo una mujer,
que teña o mejor dia de la su vida,
en lo mismo que yo.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Brincadeira


Eu quero brincar
Pois estou entre os vivos
Não vou negar,
Todos os meus motivos

Mas a palavra cala
E traz lembranças
Não é o brilho de uma opala
Nem sonhos de uma criança

São frases que doem
Deixam tudo distante
Como os trilhos de um trem
Levam tudo adiante

Fica uma beleza fria
Que no passado já doeu
Será que a alegria
É apenas um sonho meu?

segunda-feira, 16 de março de 2009

Impressões


As aparências enganam
Mas porque não a mim?
Quero olhar e acreditar
Não ter dúvidas

Ver um sorriso falso
E não me afastar
Receber um convite
E conseguir aceitar

Mas não consigo,
Deixar-me enganar
Dou um passo atrás
Vou à direção contrária

Sempre buscarei certezas
Onde a resposta
é uma pergunta:
Por que não?

segunda-feira, 2 de março de 2009

Sanidade


Norte, sul, leste e oeste
Pontos cardeais, direções
Distâncias direcionadas
O cardeal nem sempre é santo

Santidade nem sempre
Porque a sanidade existe
E não isolada, sozinha
Busca sempre o outro

O que é melhor, o quê?
Ser um louco entre os sãos
Ou ser são entre os loucos
Qual a diferença afinal

Buscar a semelhança, sim
Mas o que fascina não é ela
A diferença me atrai
E agora, são ou louco??

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Canções


O rádio me desperta, uma manhã preguiçosa. Meio acordado, meio sonhando a música que toca me lembra você, luto contra esta lembrança, não vou te ver hoje e talvez nem a veja mais.
E a primeira música que entra em mim, não sai da minha cabeça. Tomo um banho, como se a água fosse levar todo o sentimento, mais saio do banheiro assobiando a canção.
Você ainda está comigo, levo você para o trabalho, a sua ausência me deixa com raiva, e isso só me faz pensar mais, em tudo que poderia acontecer.
As horas passam devagar, eu adianto o relógio, mas não adianta.
A maratona se completa e saio na rua, como alguém que ficou enclausurado durante anos.
Paro e vejo pessoas na sua marcha natural, como em um passe de mágica sinto o seu perfume, o coração para por um segundo, me viro procurando por você, olho e te vejo. Mas a imagem está só na minha cabeça, o seu rosto se transforma em outra mulher.
Os desejos, as emoções, as palavras estraram em uma rua de mão única, onde tudo simplesmente vai e não volta, é proibido.
E como um balão de ar fiquei vazio, porque todo o ar saiu e nada entrou no lugar.
Volto para o refúgio, tomo outro banho sem a ilusão que ele me deixará limpo.
Deito como o corpo cansado, pedindo repouso e dou o merecido sono para ele.
Hoje, ele carregou o peso de duas vidas, deixando o outro corpo leve e sem machucados ou cicatrizes.
O silêncio do quarto me conforta, fecho os olhos e a canção da manhã volta: "Quero colo, vou fugir de casa, posso dormir aqui com vocês?"

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Nomes

Nunca esqueça um nome
Ou chame alguém pelo nome errado
Não faça isso, nem uma única vez
A pessoa esquecerá imediatamente
Das mil vezes que você acertou

* texto inspirado no poema As Bibliotecas de Mario Quintana

As Bibliotecas
Um dia veio uma peste e acabou com
Toda vida na face da Terra:
Em compensação ficaram as Bibliotecas...
E nelas estava meticulosamente escrito
o nome de todas as coisas!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Disritmia


Extremos, os opostos,
Nos locais e sentimentos.
Cada resposta, exclamações.
A distância aumenta.

O sangue nas artérias
Acelera o seu ritmo.
O enrubescer da face,
Não freia as palavras

Os beijos não existem,
Como há tempos existiram,
Lágrimas não comovem.
Apenas molham o chão.