Som da Vez

Nando Reis - Sei

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Mario Quintana

Hoje fazem 103 anos que Mario Quintana nasceu e não pude deixar de fazer uma pequena homenagem a esse grande poeta.

Do Amoroso Esquecimento

Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Mario Quintana para a revista Isto É, em 14/11/1984.

Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Há ! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai ! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas : ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a eternidade.
Nasci do rigor do inverno, temperatura : 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro – o mesmo tendo acontecido a Sir Isaac Newton ! Excusez du peu..
Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, instrospectivo. Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros ?
Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de fármacia durante 5 anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Veríssimo – que bem sabem ( ou souberam) , o que é a luta amorosa com as palavras.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Descalço


Onde está a emoção?
Desafiar ou ser desafiado...
Porque o conforto
nem sempre
é para todos
.
Vou sair, ousar
pisar descalço
no asfalto quente
com medo, é claro
e queimar os pés
talvez

E as bolhas
deixam marcas,
cicatrizes, dores
mas não maiores,
que as existentes

Caminharei sozinho,
mas nem sempre
porque os caminhos
são os mesmos
Como andarei,
que será diferente

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Resumo


Bocas foram beijadas

Corações foram a mil

Palavras são trocadas
A felicidade então partiu